terça-feira, 5 de abril de 2011

A greve que você não viu na TV*

Sergipanos tiveram que assistir ao “Bom Dia Pernambuco”. Quem ligou seu televisor para assistir ao telejornal “Bom Dia Sergipe”, na desta segunda-feira(4/4), levou um susto ao ver em seu lugar o programa “Bom Dia Pernambuco”. A mudança na grade de programação da afiliada da Rede Globo em Sergipe se deu às pressas, para cobrir o buraco gerado com a paralisação dos trabalhadores da emissora.

A ação, coordenada pelos sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas e com apoio da CUT, CTB, outros sindicatos e parlamentares, contou com a adesão quase que total do pessoal de produção e dos jornalistas e radialistas da emissora. Na porta da empresa, de braços cruzados, os trabalhadores pediam em uníssono a saída do atual diretor presidente da empresa, que seria o responsável por implementar uma política de “enxugamento” na emissora que provou a saída de 42 trabalhadores que foram demitidos ou pediram para sair.

“Não restou alternativa aos funcionários senão a paralisação. A situação, com o senhor Paulo Siqueira impondo a sua política de terror contra os trabalhadores, tornou-se insustentável. Tentamos, por diversas vezes, o diálogo com a empresa no sentido de contornar essa situação, mas sem resultado prático. Agora, com a paralisação, os donos da emissora sentiram que o negócio é sério e resolveram dialogar para buscar uma solução”, explica o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe, George Washington Silva.

Fernando Cabral, presidente do Sindicato dos Radialistas, lembra que desde julho do ano passado, os sindicatos vinham alertando para a política de perseguição e massacre aos trabalhadores da TV Sergipe implementada pelo diretor presidente Paulo Siqueira.

“Ele é um gestor autoritário, que fez um estrago na afiliada da Rede Globo do Piauí e quer fazer o mesmo aqui. Ele mostrou que não tem compromisso nem com os trabalhadores e nem mesmo com os sergipanos e sua cultura, a ponto de mandar cortar a programação que a emissora tinha de apoio às quadrilhas juninas e ao São João do Estado. Esta aí a resposta dos trabalhadores, e isso é só o começo”, enfatizou Cabral.

O corte na cobertura da emissora para o São João da terra e para o tradicional concurso de quadrilhas juninas levou vários artistas e quadrilheiros à porta da empresa para apoiar o ato dos jornalistas e radialistas.

Reunião emergencial

A paralisação da programação matutina da TV Sergipe, fato inédito ao longo dos 40 anos da emissora, obrigou a vinda, às pressas, dos seus dois acionistas majoritários, o ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal Albano Franco (PSDB) e Lourdes Franco, à sede da empresa para uma reunião de emergência com uma comissão formada por representantes dos trabalhadores e dos seus sindicatos. Ricardo Franco, filho de Albano, também participou da reunião.

Após várias rodadas de discussão, dos sindicatos colocarem a pauta de reivindicação dos trabalhadores e de funcionários da emissora exporem, sob promessa de que não seriam perseguidos, os vários problemas surgidos à partir da gestão de Paulo Siqueira, Albano e Lourdes Franco pediram dez dias para buscar uma solução para a crise.

“Mas a permanência do senhor Paulo Siqueira está fora de negociação. Ou ele deixa a emissora ou não haverá entendimento. Essa é a reivindicação principal a ser atendida”, ressalta Washington, do Sindijor.

“Ficou claro que os trabalhadores não querem esse gestor e que a permanência dele só irá agravar a crise. É fora Paulo Siqueira!”, completou Cabral.

Para Albano Franco, o caminho para contornar a crise está aberto. “Penso que dez dias são bastante razoáveis para que a gente possa dar uma resposta satisfatória e solucionar essa questão de vez. Vou discutir isso com a outra acionista da empresa e juntos devemos apresentar uma resposta que atenda às reivindicações dos funcionários e dos sindicatos”, se comprometeu Franco.

Logo após o acordo firmado, a comissão de negociação deixou a sala de reuniões na sede da emissora e seguiu para o portão de entrada, onde os trabalhadores aguardavam o desfecho das negociações. Em assembleia rápida, os funcionários aceitaram o que ficou acordado na reunião e retornaram ao trabalho.

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*Com informações da Revista Nordeste

6 comentários:

  1. Pelo menos a classe jornalística é unida em algum lugar deste Brasil!

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  2. Parabéns pelo ato de jornalista. a classe de professores de Sobral-CE deveria fazer o mesmo.
    http://beneditosfernandes.blogspot.com/2011/03/reclamacoes-contra-as-faculdades-inta.html

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  3. Aqui no Recife, a última vez que participei de uma mobilização foi em 1990. Recentemente jornalistas e radialistas assistiram passivos no Recife, os desmandos de um diretor e sua amante, nos veiculos de comunicação de um gigante da comunicação. Fico feliz em saber que há profissionais que não se rebaixam ou traem a categoria por medo de perder o emprego.
    Ana Menezes

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  4. É lamentável ver colegas de profissão tão talentosos estarem submetidos a este tipo de situação. Triste mesmo! Não desistam!!!

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  5. Muito importante a luta dos funcionários da TV Sergipe. Já trabalhei lá. Vale como exemplo para jornalistas de todo o país.

    Leonardo Zanelli

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  6. A situação ainda é incerta na #TVSergipe. Há muita coisa a ser feita e corrigida.Temos muitas expectativas e o apoio de vocês é estimulante!

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