quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A redação mais vigiada do Brasil*

Em tempos de “BBBtização” da televisão brasileira, com reality shows nascendo aos montes e ganhando espaço nobre em diversas emissoras, de sinal aberto ou não, fico imaginando como seria um programa do tipo só com jornalistas. Pior: fico imaginando os participantes. Seguindo o modelo do Boninho de privilegiar estereótipos, apresento abaixo alguns dos jornalistas que disputariam o grande prêmio do jogo: o kit jornalista feliz (um plano de saúde top do sindicato, uma carteirinha vitalícia da Fenaj, um fim de semana com acompanhante numa colônia de férias e meia dúzia de elogios).

A gostosa: a jornalista jovem e de grandes pretensões tem tudo para ser a menina do tempo, mas quer mais: quer ter seu próprio programa de televisão. Pode ser um daqueles com dicas de beleza ou de esportes radicais. Programas sobre sexo na madrugada não estão descartados, mas apenas em último caso, ela faz questão de ressaltar. Antes de entrar “na redação mais vigiada do Brasil”, onde passará grande parte do tempo de minissaia cruzando e descruzando as pernas e exibindo os novos peitos siliconados, trabalhava como repórter num programa de celebridades. Sonha provar para o País, assim como sete mais sete são quinze, que, além de gostosa, também tem conteúdo.

O enrustido: o experiente repórter de Cultura, especializado em teatro, resolveu abandonar a carreira sólida para arriscar-se na “grande aventura da vida”, como ele define o programa. Seus amigos não acreditaram quando ouviram ele dizer isso na vinheta de apresentação. Logo ele, um homem que só falava de Brecht, Shakespeare e Tchecov, e odiava os Big Brothers da vida. Sua participação promete ser polêmica, principalmente por causa de sua sexualidade. Onde trabalhava, muita gente jura que ele é gay. Outros acham isso uma grande bobagem. Só porque ele foi morar com o Joel, o motorista negão e saradão do jornal? Nada a ver.

O tosco: quando foi escolhido para participar do programa, recebeu uma dura advertência: nada de usar aqueles bonés com propaganda de cachaça ou material de construção como fazia nos campos de futebol como repórter esportivo de rádio. Está liberado, por outro lado, para coçar o umbigo do barrigão e falar em putaria à vontade. Promete beber todas nas festas da redação, bolinar a gostosa e sacanear o enrustido. Acredita que pode sensibilizar o Brasil ao revelar o valor de seu salário e suas experiências como paciente do SUS. Diz que, por ser o mais miserável, é quem mais merece ganhar o plano de saúde top.

O gente boa: é um jovem desprovido de beleza, mas com um coração enorme, do tamanho dos peitos novos da gostosa. Seu jeitão nerd, contudo, não deixa de ter certo encanto. Gosta de conversar, ouvir os problemas dos outros, ajudar. Tem pouca experiência em redação, mas muitos sonhos. Quer fazer matérias sobre direitos humanos e focar sua carreira na área de sustentabilidade. Ao contrário dos amigos de faculdade, só toma refrigerante, principalmente os sem açúcar, e é vítima de muitas piadinhas por causa disso. Quer acabar com o mito de que todo jornalista é cachaceiro e putanheiro e mostrar um outro lado. O enrustido, com certeza, vai gostar de saber disso.

A marginalizada: a assessora de imprensa imagina que vai sofrer muito preconceito, simplesmente por ser assessora de imprensa, a única do programa. Os demais participantes, todos jornalistas convencionais, vão vir com aquele papo chato de que ela traiu a profissão, se vendeu para o mundo corporativo e coisa e tal. Além disso, está desabituada ao clima frenético de uma redação e crê que terá muitas dificuldades. Ganhar o jogo será uma missão mais árdua do que vender uma matéria sobre aquele decorador fracassado que é cliente da agência onde trabalhava.

A caipira: participar de um grande reality show com outros jornalistas representa a conquista do mundo e, ao mesmo tempo, dá um frio na barriga da jovem do interior catarinense. O desafio assusta porque ela nunca deixou a sua cidadezinha, onde atuava como repórter no jornal do prefeito. Faz o tipo “sou tímida, mas topo ficar pelada na Playboy se rolar um convite” e aposta que isso não afetaria sua credibilidade como jornalista. Acredita que a mistura de caipirice e sensualidade pode conquistar o Brasil. Sonhadora, não descarta viver um grande amor no programa, desde que seja um sentimento verdadeiro, ou uma linda amizade, ou pelo menos uma matéria escrita a quatro mãos.

*Texto muito bom do Duda Rangel, você pode acompanhar mais coisinhas legais dele por aqui ó: http://desilusoesperdidas.blogspot.com

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vagas: Estagiários de Jornalismo

Olá, Pessoal

2011 começou com muitas oportunidades pra quem está procurando oportunidade de estágio na área de comunicação.
Atenção para as vagas desta semana:

Lefil
Selecionando profissionais e estagiários com interesse em mídias sociais. CV para oportunidade@lefil.com.br

Feedback Mais Comunicação
Vaga para estágio na área de Mídias Sociais/Conteúdo Web. Requisitos básicos: ser ligado e "curioso". vempara@feedbackmais.com.br

Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho
Estagiário de jornalismo que esteja entre 3º e 7º período e more no Cabo ou Zona Sul.Turno:Manhã. Email para imprensacabo@gmail.com

Exclusiva BR
A vaga da Exclusiva BR é para assessoria de imprensa. Estudantes de jornalismo a partir do 5º período. E-mails: fernando@exclusivabr.com

Folha de Pernambuco
Editoria de Cultura, nas áreas de literatura, dança e artes plásticas! Currículo para programafolha@gmail.com

Boa Sorte!